A ESCOLHA DE CRISTIANO

Cristiano entornava vodka na garganta. Sentia o calor do gole. Saboreava.
Ele se sentia perdido. Uma lágrima insistente rolava sobre sua face.
“ Homem não chora” pensava, enquanto torcia para não ser visto no breu daquele bar.
Em si era um bar aconchegante. Pequenos bancos situados sobre estruturas que continham pequenas luminárias. Mas o centro, onde transitavam os garçons era escuro. E haviam mesas para quem quisesse algum petisco.
Cristiano pensava que todos podiam vê-lo e seu rosto queimava.
Depois de um dia duro de trabalho, ele queria descansar, relaxar. Mas sua mente não permitia.
Se lembrava como tudo começou. Sua mulher chegara aos quarenta anos. Após três partos, ela perdera o tesão. Compreendia a mulher como dava, mas começou a procurar mulheres fora do casamento. Será que Angela sabia?
Aos poucos havia se acostumado a trair. Tinha uma vida paralela, onde encontrar mulheres em saunas e casas de massagens, era comum Mas nunca imaginou que algo acontecesse. Algo que mudasse seu comportamento.
Conheceu Davi. Um homem da sua idade, quarenta e dois anos. Alguém que era diferente dos outros.
Quando conheceu Carla, na casa de suingue, marcou um encontro na casa dela. Que surpresa foi saber que Davi estaria presente e observando-os. No tesão do momento, Cristiano transou como ninguém, se exibiu, esmerou.
Após satisfeito, tomaram um banho juntos. Os três.
Quando Cristiano sentiu a mão de Davi em seu pênis, recuou assustado. Disse que aquela não era a sua praia.

Durante um bom tempo, enquanto saia com Carla, aquela loura escultural com um rabo divino, Cristiano via Davi de tempo em tempo. E não conseguia tira-lo da cabeça.
Carla o convenceu a transar os três.
Cristiano achou bom por ser algo que ainda não havia feito. Enquanto se divertiam com a dupla penetração, Davi bolinava suas nádegas e tocou seu anus.
Quando os dedos grossos de Davi tocavam seu anus, Cristiano teve seu mais ardente orgasmo. Mas decidiu nunca mais voltar a ver Carla. Se sentiu humilhado, se sentiu sujo.
Buscou todas as desculpas para seu prazer, buscou todas as razões.
Com certeza era porque nunca saiu do papai – mamãe com sua esposa. Ou porque Carla era a mulher mais experiente que conhecera.
Mas as mãos fortes de Davi eram a razão pela qual se sentiu mal.
Ele não era gay, e não tinha tesão no rabo. Não podia ser.
“ Eu sou espada” respondia a si próprio.
E se arrepiava ao lembrar dos dedos grossos de Davi no seu anus. Um arrepio de prazer.
Cristiano sentiu um toque no ombro e se assustou. Assustou –se ainda mais quando se deparou com Davi.
_Desculpa Cristiano. Não queria assusta-lo!
_ Não, foi nada. Estava distraído. Senta!- Disse Cristiano sem pensar.
_ Você está meio cabisbaixo ou é impressão minha? – Disse-lhe Davi, pressionando-lhe uma das coxas de maneira amistosa.
_ Muitos problemas em casa e no trabalho. Como vai a Carla?
_ Você não ficou sabendo? – Disse Davi com o semblante triste.
_ O que aconteceu?
_ Ela me deixou. Porque eu nunca quis filhos.
_ Puxa! Desculpe.
_ Não tem problema. - Disse Davi tocando lhe o ombro.
Abruptamente, Davi o puxou contra si e o beijou. Beijou com tesão e Deixou Cristiano sem chão.
Cristiano sem pensar, puxou Davi contra si quando este terminou o beijo e o beijou de novo.
Cristiano se permitiu um beijo para depois sair trôpego pelas mesas. Saiu como um furacão do bar, sem sequer pagar a dose.
Andava rápido pelas ruas e com um sorriso adolescente no rosto.
As idéias rodavam com rapidez em sua cabeça.
Lembrava de quando era pequeno e seu coleguinha de escola brincava de troca – troca com ele.
Que ele gostava do seu coleguinha o chamando de mamãe.
De quando ele era o papai e encoxava seu coleguinha.
De ver seus amigos nus naquela masturbação coletiva.
Que queriam ver quem gozava primeiro. E da vez em que ele e seu coleguinha mais crescidos, masturbaram um ao outro com uma culpa. Eles se beijaram ao chegar ao orgasmo. E desde então nunca mais se falaram.
Até o dia que conheceu Carla. E descobriu que Davi havia crescido e o beijo não havia sido esquecido.
Agora Cristiano fez o que há muito fizera.
Quando ele era o papai no troca – troca ele havia fugido e dito que Davi era mãezinha.
Mais uma vez o chamou de mãezinha. Ele dava a esposa para outros comer.
Mas o beijo não se apagava da memória de Cristiano. Então ele retornou ao bar. Conversou sobre o passado com Davi. E finalmente se entregou. Davi e Cristiano seguiram para o apartamento dele.
Angela poderia esperar.
Cristiano finalmente fez a escolha.
Enquanto ambos tiravam a roupa, Cristiano refletia no espírito daquela cerimônia, naquilo que fazia tudo tão especial. Os beijos apaixonados, as carícias que tinha se negado há tanto tempo, o prazer de seu suor, de seu desejo, do membro ereto.
Tudo fazia sentido finalmente.
Não havia culpa, já que sua mulher não o desejava, apenas amava.
Não existia traição, sendo assim não haveria culpa.
Esse era um prazer antigo. Mais que sua adolescência, mais que suas leituras. Ele não era doente ou neurótico. Ele se livrava das risadas de seus amigos, por não gostar de zoar com os gays no passado. Agora ele se entregava aos braços fortes de outro homem. E por opção própria. Davi era o homem que escolhera para si.
Começaram a se entender de maneira incrível. Iam juntos ao cinema, ao teatro, beber e ao estádio de futebol, junto com os filhos dele
Davi reatou com Carla. E eles estavam bem. Agora eram dois casais. De novo..
Até mesmo Carla parecia enciumada com a amizade dos dois, já que de vez em quando, eles pareciam preferir transar entre si. Mesmo que ela fingisse não saber.
Um dia estavam bebendo uma cerveja, quando começaram a conversar sobre suas mulheres.
_ Sabe Cristiano, acho que sua mulher deveria conhecer a minha. Você já me falou que ela é frígida. Será que é verdade?
_ Vou fazer isto um dia. Mas minha mulher é de uma família conservadora.
Um certo dia, após já conhecer Davi e Carla, Angela se preparava para lavar a louça, e Carla se ofereceu para jantar. Os filhos não estavam em casa e Davi e Cristiano assistiam um humorístico na TV.
Quando Angela se debruçou na pia, Sentiu o corpo de Carla mais perto do seu. Carla então foi aos poucos encoxando Angela, que virou-se e com uma boa desculpa chamou Cristiano. Discretamente falou sobre aquela mulher “ mundana”.
Assim que Davi e Carla se foram, Angela queria uma explicação:
_ Cristiano, onde você encontrou este casal?
_ Eles são amigos do clube que freqüento. Boliche.
_Eu não gostei desta mulher. Não quero vê-los mais.
_ O que aconteceu Angela?
_ Nada Cris, nada.

Naquela noite, Angela o procurou na cama, e após anos, fizeram amor de novo.
Aos poucos, o dia a dia de Angela e Cristiano ficou mais e mais erótico.
Isto quando não estava nos braços de Davi.

0 comentários: